metamorfosico olhar
Fecha os olhos por um momento.
Agora, deixa teus olhos cair a teus pés.
Vê como são fortes a raízes que te prendem ao chão.
Lentamente, deixa o teu olhar percorrer o teu tronco. e faz uma pausa por aí.
Vê como seria bom repousar nele, na sombra que ele conserva.
Os ramos, quais braços que equilibram, abrigam, protegem, aninham.
Agora, levanta o olhar.
Vê como tuas folhas cintilam e brilham com o vento e a luz, e a luz e o vento, num bailar ritmado, inesperado, quase inconsequente.
Ah! Quantos ventos e tempestades e sóis? E tu? Sempre de pé!
Sabes, quando te abracei ao partir, eu trouxe um pouco de ti comigo.
Tu, que danças ao ritmo das tempestades, a inspiradora coragem de resistir, essa, que plantaste em mim.
Assim, humildemente, crescendo a teu lado, tu olhando o sol, e eu olhando-te a ti, sigo a teu ritmo.
E sigo as tuas ondulações.
Vê o quão verde tu és.
Não, Não te irão derrubar!
Porque tu irás dançar, baloiçar, ondular teus ramos, alguns poderão quebrar, mas as tuas raízes, essas estão bem agarradas á terra que tu escolheste ser fértil,
E quando os ramos não puderem subir mais, terás sempre as tuas raízes.
Outros pensam que te enterras, mas tu estarás a crescer, fortalecendo tuas bases, a semente de ti.
E terás sempre, lá em cima os sonhos, os ninhos, os baloiços de corda, a casa feita de teus ramos que envelheceste sorrindo, apreciando assim, cada primavera em que viste nascer, e cada outono que te fez renascer.
Rosa do vale do Rio
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